terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Ficheiro da Polícia

nível de secretismo: indignado


Ora, andei um bocado a dormir não?
Isso é o que vocês pensam. Aqui o menino anda a trabalhar que se farta. Eu já disse em sede própria que o trabalho só dá trabalho e mata lentamente qualquer blog que não tenha vontade de informar, mas sim de aparvalhar. Um blog que é palerma e redigido por uma besta. Um blog que liga ao acessório e nada ao essencial. Este blog não vai a lado nenhum. Só para que saibam. 

Se vocês soubessem a exorbitância de emails que recebi por ainda não ter escrito nada no ano de 2014. Foi um número tão absurdo que nem me sinto na capacidade de dar um número, até porque só sei contar até 900 a fazer o pino. É só queixumes, ameaças de morte e convites para jantar postas de papa-formigas com molho de ostras, tudo porque ainda não escrevi nada este ano. Os meus leitores, aquele grupo de 5 ou 6 cabeças de gado, andam ávidos e desesperados pelas minhas primeiras palavras neste novo ano. Também estão com as unhas dos pés grandes e despenteados, mas acho que isso não é culpa minha. Aconselho-vos a metrossexualidade. Sou membro há 15 anos e isso tem-me possibilitado coisas que ficam para um outro texto.

O tópico que eu escolhi foi a autoridade e seus agentes em Portugal. Nada melhor que falar da Policia de Segurança Pública para começar o ano com aquele quentinho no coração. Um assunto sensível, mas que já me mói a paciência. Vou tentar não ferir susceptibilidades e escrever nos limites do razoável. Portanto...

A bófia já me cansa um bocado as vistas. É vê-los ao fundo da rua, da estrada, do beco, da escada, ao fundo de qualquer obra arquitectónica feita pelo homem e fico logo com vontade de atravessar a estrada. Ou atravessar a escada, se isso for possível. Ok, vamos esquecer as obras arquitectónicas. Seja em que local for, se está lá polícia, eu gostaria de não estar. Por alguma razão que ainda não consegui compreender, quando me cruzo com polícia acabo sempre com menos € no bolso. Já vou nisto há 11 anos e ainda não consegui encontrar explicação. 

Eu tomo-me por uma pessoa inteligente. Uma vez fiz um daqueles testes de QI muito precisos através do telemóvel e deu 135, por isso tenho factos que aferem disso mesmo. Ora, eu, até hoje, só consigo achar três razões para isto me acontecer: 

1 - Sou um grande bandido e estou na lista dos 10 mais procurados da Interpol no que concerne a multas de merda;
2 - Tenho cara de otário/chico esperto (uma ou outra, talvez ambas) e, sempre que possível, vão-me martelar porque causo irritação nas peles dos agentes da autoridade;
3 - os agentes da PSP usam e abusam da sua autoridade, aliando a isso esquemas, truques e fiscalizações localizadas para apanhar os condutores desatentos e assim atingir a sua quota mensal, algo que aparentemente voltou a vigorar com este governo PSD.

A razão que mais se pode adequar fica ao vosso critério. 
Sempre que eu penso no dinheiro que já tive que pagar pelas mais variadas multas lembro-me logo que podia ser uma pessoa abastada, mas enquanto houver PSP não o vou ser. Se alguém com responsabilidade política visse a lista de contra-ordenações que eu já tive derivado da intervenção da PSP, pedia a minha expedição para Guantánamo e considerava-me preso político. A minha mãe ensinou-me desde pequenino que as forças da autoridade existem para proteger, prevenir e fiscalizar. Era algo que me dizia sempre enquanto fazia o aviãozinho para eu comer a sopa. No entanto, após dar uma vista de olhos na minha vida que tem agora 31 anos, reparo que sempre que necessitei de protecção nunca a tive. 

Quando fui alvo de furto não vi investigações para que o que me pertencia fosse devolvido. Quando alguma propriedade minha foi vandalizada ou danificada os culpados nunca foram apanhados. Quando fui agredido, não vi nenhum polícia a defender-me. Ao invés, quando necessitei de ajuda, foi-me constantemente dito algo como "Pois, em princípio nada poderemos fazer, isto normalmente não se consegue fazer nada, mas vamos fazer e acontecer e tal e coiso". E nada aconteceu. Portanto, em termos de protecção, trabalho a puxar para o fraquinho.

Quanto à prevenção, esta mistura-se um pouco com a fiscalização, pois a única forma que a PSP tem de prevenir é fiscalizando. Informar os cidadãos e condutores e alertá-los ou adverti-los para uma qualquer forma de estar que esteja errada na sua urbanidade e usufruto da sua cidadania passa sempre, SEMPRE por passar multa. 

É serem reportados distúrbios na via pública e virem falar com o primeiro grupo de pessoas que se encontra na rua, assumi-las como culpadas sem qualquer investigação ou questionário e multá-las em €500 cada uma, tudo isto porque o chefe de esquadra veio a terreiro e é necessário mostrar serviço. É meter um radar junto dum sinal que informa que é proibido circular a mais de 50 km/h numa estrada que permite circular a 70 km/h em 99% do seu troço. É ser revistado, porque alguém está a fumar um charro a 5 metros de distância e há a suposição pelo agente de ser seu conhecido. É a polícia de choque a carregar sobre uma manifestação na Assembleia da República. É a colocação de agentes da PSP como forma de intimidação nas provas dos professores. É desinformar ou informar, a escolha é feita mediante o maior proveito que se possa retirar de determinada situação. É a hipocrisia travestida de justiça. E o rol poderia continuar, mas tornar-se-ia extenso em demasia.

Posso individualizar?
Gostaria de informar que abordar um cidadão de forma sisuda e uma maneira de estar que roça a soberba não é compensada pelo início de conversa sempre cómico de "Boa noite, sr condutor". Porque, a partir dali, não vai ser boa noite concerteza e ambos sabemos disso. Em termos de discurso, ser cordial nas 4 palavras iniciais não equilibra todo um discurso grosseiro e de bota-abaixo. Eu não peço um sorriso e um jantar romântico a dois, mas pelo menos que demonstre neutralidade e ausência de juízos de valor quando se dirigem a mim. Não sou vosso amigo e vocês, tendo em conta o nosso historial e o saldo  monetário extremamente negativo que tenho convosco, também não o são certamente. Não andámos juntos na escola, não partilhámos as mesmas histórias e aventuras. 

Considero que abusam da autoridade a seu bel-prazer e noto isso especialmente nos mais novos, cheios de sangue na guelra, como que querendo mostrar aos anciães que também sabem multar como gente grande. Dizem-me que é porque a maior parte nem sequer tem o 12ºano e não se sabem comportar por ignorância. Não concordo e até acho que seria uma desculpa fácil demais. Ter conhecimento ou ser licenciado não significa ter boa educação ou integridade. Isso é algo intrínseco de cada um de nós, na pior das hipóteses os nossos pais ensinam-nos à força. Não é no Homem-Aranha que se diz que com um grande poder vem uma grande responsabilidade? Pois bem, vejo que esse grande poder de ser uma força de autoridade cai muito mal nalguns dos agentes que acabam por o desbaratar. Fico com a sensação que, na maior parte do tempo, não sabem o que fazer com ele, por isso vão sempre para o lado da opressão. 

Isto já não sucede com a GNR, o que não deixa de ser curioso. Será pela disciplina imposta, porque são militares e têm uma visão diferente da real forma de actuar dum agente de autoridade? Parecem-me sempre mais tranquilos e cientes do que estão a fazer, digo eu.

Bem, devo ser eu que tenho muito azar com os agentes que apanho. Vai na volta é isso. Ou então é porque tenho cara de chico-esperto e em Portugal isso dá direito a multa, várias multas. Uma coisa é certa: já me fizeram equacionar se quero continuar a conduzir. E sair à noite. Fazer as duas coisas ao mesmo tempo está fora de questão pois aí a possibilidade de os encontrar é altíssima e eu ando um bocado alérgico a fardas. 

Ouvi dizer que vai haver um corte no orçamento da GNR no que respeita a combustíveis e ajudas de custo. Não vai haver disso para a PSP? Eu passaria bem melhor com menos efectivos nas ruas. Em termos de protecção, como já disse, não iria notar diferença e assim sempre poderia evitar alguns encontros imediatos de grau dispendioso para mim. A recessão não é transversal para todos nós? E como é que vai o inquérito sobre os polícias que subiram as escadarias da Assembleia da República? Eles defendem-se que, tecnicamente, não cometeram qualquer ilegalidade e que não podem ser punidos por isso. Aliás, estão até surpreendidos pela instauração dum processo e não estavam à espera que houvesse esta vontade de chegar ao pormenor das coisas.

Tudo isto é irónico. Eu penso sempre que sou multado por pormenores "técnicos". E a realidade é que a minha ilusão para estas coisas é cada vez menor...

Ainda hoje é 21 de Janeiro de 2014 e já tenho €120 de multa para pagar. 

The L Files
O L é de Lei acima da lei

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